Desafios do Arroz

Arroz: altas temperaturas agravam quadro de estresse nas lavouras

Altas temperaturas intensificam o quadro de grave estresse nas lavouras em florescimento e enchimento de grãos, que representam 70% da área cultivada.

A condição de tempo nas principais regiões produtoras de arroz, com predomínio de ar seco e com alguns dias com temperaturas elevadas, permitiu o avanço da colheita no período, ampliando para 3% da área cultivada no Rio Grande do Sul. Esse índice deverá ter elevação mais acentuada nos próximos períodos, pois 19% do cultivo já está em processo de maturação. Outros 35% estão enchimento de grãos, 31% em floração e 12% em germinação e desenvolvimento vegetativo.

A grande variação de temperaturas ocorrida durante a semana, pode afetar as lavouras em fases reprodutivas. De acordo com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado nesta quinta-feira (17) pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).

Regionais

Na Fronteira Oeste, a condição de tempo foi adversa no período de 07 a 13/02. As chuvas foram em volume insignificante e houve grande amplitude térmica. A temperatura mínima foi de 8,9°C no dia 07/02, e a máxima de 39,8°C em 11/02, contribuindo para intensificar o quadro de grave estresse nas lavouras em florescimento e enchimento de grãos, que representam 70% da área cultivada. Com esse cenário, as perdas qualitativas e quantitativas na cultura poderão ser ampliadas. A colheita teve prosseguimento em municípios próximos a Argentina. Em Maçambará, 3% das lavouras foram colhidas, com diminuição na qualidade, com ocorrência de grãos gessados e quebrados e a queda de produtividade é estimada em 12%.

Em São Borja, 5% da área cultivada foi colhida, com produtividade não afetada, ainda próxima dos oito mil quilos por hectare. Neste município, estima-se que 9% das lavouras foram abandonadas, por falta de água e grande parte das lavouras estão sendo conduzidas com irrigação intermitente, onde as perdas de produtividade devem ficar em torno de 30%.

Em Uruguaiana, 15% das lavouras foram abandonadas, a área colhida alcançou 2,5% do total cultivado e a produtividade geral pode ser afetada em até 20%. Na Campanha, as lavouras estão predominantemente em fases reprodutivas. A maior preocupação dos rizicultores é a ocorrência de temperaturas extremas, excedendo a faixa ótima de cultivo de 20 a 35°C. As chuvas ocorridas não foram suficientes para recuperar reservatórios, mas de maneira geral, há água suficiente para manter a irrigação até o final de ciclo.

Na regional de Santa Maria, 2% das lavouras foram colhidas e 8% estão em maturação. A expectativa de produtividade é 15% inferior a inicialmente estimada.

Comercialização do arroz (saca de 50 quilos)

Conforme o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, o preço da saca de arroz reajustou +3,77 % em relação ao da semana anterior, passando de R$ 65,25 para R$ 67,71.

Feijão

Na última semana, prosseguiu a colheita do feijão, superando 60% da área cultivada em primeira safra. A produtividade média aproximadamente 20 sacos por hectare, ultrapassando os 30% de perdas em relação a projeção inicial de rendimento.

Olerícolas

Na Fronteira Oeste, regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, Itacurubi passa por grave quadro de estiagem, e estima-se que toda a produção de mandioca para comercialização com área cultivada de nove hectares foi perdida, também havendo comprometimento das áreas destinadas para o autoconsumo. Em São Borja, agricultores que participam da feira semanal estão com reduzida disponibilidade de produtos devido à falta de água para irrigação dos cultivos, com maior impacto na produção de alface e rúcula. Na Campanha, produtores de Bagé que perderam boa parte da produção de folhosas de janeiro devido às altas temperaturas, aproveitaram o clima ameno do período para realização de novos plantios.

Frutícolas

Na regional de Santa Rosa, embora tenha ocorrido alguma precipitação nos primeiros dias de fevereiro, a situação da fruticultura segue preocupante, com queda de folhas e frutos, em especial os citros. O déficit hídrico causou paralisação no desenvolvimento de ramos e queda antecipada de folhas em espécies caducas, o que prejudica o acúmulo de reservas para a próxima fase produtiva, situação que poderá comprometer a produção futura de frutas. Entretanto, se observa que nas áreas onde ocorreram boas chuvas cessou a queda de folhas das frutíferas e, em alguns casos, iniciou novas brotações. Nessas localidades os produtores poderão fazer o manejo controlando pragas e doenças e as adubações necessárias.

Nos citros da região há queda de frutos jovens devido ao estresse hídrico e casos de mortalidade de plantas. Além da seca, o vento norte trouxe o ataque de pulgões. Também ocorre a presença de ácaros e larva minadora, mas no momento não é possível fazer o controle. A cultura da manga está em frutificação, início da maturação e colheita, acelerada pela falta de umidade e calor excessivo. O cultivo da melancia e melão irrigados por gotejamento, está com a colheita finalizada. A produtividade dessas culturas foi afetada por doenças fúngicas no período de elevada umidade em outubro e pela baixa ocorrência de chuva a partir de meados de novembro até hoje. A alta radiação solar também causou problemas de escaldadura nos frutos.